matéria publicada no site oficial da stock car em 09/05/08
Olá, moçada!
No ano de 1.993 a General Motors voltou a apoiar a Stock Car e em paralelo, introduziu no Brasil uma categoria que vinha fazendo grande sucesso na Europa, a Fórmula Opel. Aqui a nova modalidade foi batizada de Fórmula Chevrolet e tinha como meta principal, facilitar o acesso de jovens pilotos ao mundo dos “fórmulas”. A GM contratou uma empresa especializada em promoção e publicidade para divulgar os novos campeonatos, tanto o de fórmula como o de Stock Car, na medida em que as duas corridas seriam realizadas no mesmo evento.
Para a Stock foi elaborado um novo regulamento desportivo, que permitia duas baterias de corridas no mesmo dia, possibilitando que dois pilotos participassem do campeonato no mesmo carro. Outra novidade foi a divisão da Stock em duas, uma denominada A e a outra B (hoje Copa Vicar), embora a corrida fosse única. Os pilotos profissionais e campeões participavam da A e os pilotos estreantes e que pretendiam retornar à categoria, participavam da B. A primeira prova do campeonato realizada em Goiânia, foi vencida pela dupla de pilotos estreantes na categoria, Carlos Col e George Lemonias, o Gregão.
Como eu estava retornando a Stock Car, mas não participei desta prova, o meu amigo e piloto Carlão Alves, que então corria na A, dono da Carlos Alves Competition Team equipe preparadora do meu motor, alertou-me a respeito da vitória do Carlos Col na categoria B, piloto que ele conhecia de longa data e que já tinham disputado muitas corridas do campeonato paulista de Hot Car. Lembro-me que falou que eu teria pela frente um osso duro de roer. Preparei-me mentalmente ainda mais, para enfrentar o tal Carlos Col e seu parceiro Gregão.
Eu como não tinha patrocínio nem parceiro, fui para a próxima corrida apenas com a cara e com a coragem. Também nunca tinha andado no autódromo de Guaporé, no interior do Rio Grande do Sul, local da segunda etapa, mas o Carlão me fez um mapa do circuito e andou comigo na pista, me ensinando os pontos de freada e de aceleração. Tive muita sorte e consegui vencer a corrida na categoria B.
Nessa prova conheci pessoalmente o Carlos Col e realmente ele foi um osso duro de roer. Guiava muito bem, mas, além disso, era muito frio e calculista, e pacientemente esperava à hora certa para dar o bote! O seu parceiro Gregão também era muito rápido e bom piloto, mas ao contrário do Col era previsível, e deixava transparecer tudo o que pretendia fazer na pista. Nesse ano disputamos boas corridas e o Carlos Col e o Gregão venceram merecidamente o campeonato. O Col no ano seguinte participou da Stock Car na categoria A, já a bordo dos novos Ômegas que substituíram os antigos Opalas carenados, e no fim desse ano encerrou sua carreira como piloto.
Não se afastou da categoria e em 1999 fundou a VICAR para administrar a Stock Car, transformando-a numa categoria rica, onde os pilotos podem sobreviver apenas de sua profissão. A maior parte deles, ganha o suficiente para construir uma expressiva carreira aqui mesmo no Brasil. Podem continuar próximos de suas famílias e de sua terra natal, sem o sofrimento e as privações que muitos pilotos passam na Europa e nos Estados Unidos. Na verdade, existem pilotos com experiência internacional, que conseguem mais sucesso na Stock Car do que o alcançado no exterior.
A personalidade calma e fria do Col, aliada a uma capacidade política e administrativa ímpar, fizeram com que ele transformasse paulatina e perseverantemente, a Stock Car num evento esportivo jamais imaginado por qualquer amante do automobilismo brasileiro. Muita gente conceituada e experiente tentou, mas conseguiu fazer muito pouco pelo automobilismo interno nesses quase 100 anos de existência do esporte a motor. As montadoras e seus departamentos de promoção e marketing se empenharam, mas as categorias não tiveram consistência e durabilidade.
Aos poucos as fabricas se retiravam do automobilismo e tudo ficava por isso mesmo. Qualquer um que conheceu a Stock Car do passado e compara com a atual, é forçado a reconhecer o indiscutível valor do Col. Francamente, quem poderia sequer imaginar um premio de hum milhão de dólares para uma única prova? Ele é um engenheiro mecânico que deu certo no mundo do marketing esportivo.
Como o personagem Midas da mitologia grega de 800 anos a.C., que transformava em ouro tudo o que tocava, o Carlos Col viabilizou a Stock Car como um grande e rico negócio, onde todos aqueles que fizerem um bom trabalho, podem viver com qualidade e respeito. É isso aí. Até a próxima.
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