terça-feira, 30 de junho de 2009

(T) BIA FIGUEREDO CONQUISTA A AMÉRICA




Olá, moçada!

Há exatamente 60 anos atrás, o Brasil realmente iniciou sua projeção no automobilismo internacional, com Chico Landi, excepcional mecânico e piloto paulista, que venceu o Grande Prêmio de Bari, na Itália, a bordo de um Alfa Romeo. Nesse tempo, havia apenas duas categorias de pilotos, os nobres e milionários, e os homens simples, geralmente de famílias modestas, mas com grande talento e maior ainda conhecimento de mecânica.

Além de vencer o GP de Bari, Chico Landi ainda participou de 6 corridas na recém-inaugurada F-1, sempre andando entre os primeiros, representado as mais importantes fábricas da época, Ferrari e Maserati.
No ano de inauguração da Stock Car, em 1979, tive a honra de ter o motor de meu Opala 4.100, preparado pelo grande Chico Landi, e pude ouvir dele próprio histórias incríveis do automobilismo.

Contava sempre das dificuldades que teve que superar, para alçar o topo do automobilismo mundial. Obviamente só conseguiu chegar aonde chegou em virtude de sua fantástica habilidade no volante. Na ocasião o Brasil era um país sem a menor tradição no automobilismo, não fabricava nem carros, nem sequer bicicletas. O Chico Landi superou tudo, e escreveu o seu nome para sempre no automobilismo mundial.

No último sábado, 60 anos depois da vitória de Landi, a piloto brasileira Bia Figueiredo, de apenas 23 anos, venceu a corrida de Indy Light e se tornou primeira mulher do mundo, a vencer nessa categoria do automobilismo americano. Guardando as proporções, sou obrigado a traçar um paralelo com o duro caminho trilhado pelo Chico Landi naquela época e o agora trilhado pela Bia, única mulher a vencer numa categoria internacional.

É óbvio que o Brasil cresceu, virou potência emergente, construiu uma grande indústria automobilística, o interesse das empresas pelo automobilismo aumentou e muito, foram 3 campeões mundiais de F-1 e etc. Mas, será que para uma mulher brasileira, sem um sobrenome com tradição no automobilismo, chegar à Fórmula Indy, nos dias de hoje é tão difícil quanto foi para o Landi? Acho que até mais difícil. É preciso ter muita raça e muito talento.

A paixão da paulistana Bia Figueiredo pelo automobilismo começou cedo,
foi em 1990, com apenas 5 anos de idade, quando foi com o pai assistir a uma corrida de kart em Interlagos. Daí para frente passou a freqüentar o kartódromo sempre acompanhada pelo pai, até que aos 9 anos, tanto fez que conseguiu ganhar um kart e participar das competições. Participou por 9 anos consecutivos dos campeonatos Paulista e Brasileiro, andando no pelotão da frente. Foi campeã da Copa Sorriso Petrobras e vice-campeã da Seletiva Petrobras, disputada entre os 12 melhores pilotos de kart do Brasil.

Em 2003 trocou o kart pela competitiva Fórmula Renault e é a única mulher do mundo com vitória nesta categoria. Foi a melhor piloto estreante da categoria. Também foi a única do mundo a fazer uma pole position de Fórmula 3 Sul-Americana.
Em 2006 chegou a participar de uma prova de Stock Car Light, gostou muito de pilotar um carro de turismo, mas preferiu se concentrar nos fórmulas e tentar fazer carreira no exterior.

Lutou bravamente contra tudo e contra todos e finalmente estreou na Indy Lights em 2008, categoria de acesso à Fórmula Indy. Pilotando um Dallara com motor Nissan de “apenas” 450 cavalos, da equipe Sam Schmidt Motorsports, foi à primeira mulher do mundo a subir num pódio da categoria e também a primeira em terminar entre os “top Five” em Indianápolis. No último sábado dia 12 de julho, venceu a tradicional corrida de Nashville, com direito a guitarra e tudo mais. Já ocupa a 3ª posição no campeonato, com grandes chances de abocanhar o título.

A Bia Figueiredo é uma guerreira, que “manda a bota” e tem qualidades e talento suficientes para conquistar um título de Fórmula Indy, ou de Fórmula Um! É só pagar para ver. É isso aí. Até a próxima.

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