segunda-feira, 6 de julho de 2009

(T) Marcos Gomes: O Mister Interlagos!

"texto publicado na íntegra no site Retrovisor on Line e na Revista Talento & Motor"

Olá, moçada!
A última etapa da Copa Nextel que aconteceu em Interlagos, foi vencida pelo paulistano Marcos Gomes, filho do tetra campeão de Stock Car, Paulão Gomes. Marquinhos que largou apenas na terceira posição do grid, fez uma corrida incrível e deu a primeira vitória da temporada para a equipe Action Power, de Paulo de Tarso. Foi a quarta vitória de Marquinhos na pista paulista, apenas na categoria Nextel. Depois desta façanha incontestável, Marcos Gomes já pode ser considerado o Mr. Interlagos.

A sua carreira começou em 1998, aos treze anos, no Kartódromo da Granja Viana, em Cotia. Na ocasião residia com a família em Ribeirão Preto, sua cidade natal, a distância era o maior empecilho nos planos do Marquinhos. A questão era: escola ou pista? Se fosse treinar como os outros pilotos, teria que faltar na escola. Por outro lado, se não treinasse constantemente, não acompanharia o ritmo dos adversários que não saiam do kartódromo.

Sempre que estava entre os primeiros colocados, tinha que abandonar o campeonato por causa do colégio. Até que, em 2000, decidiu finalmente participar de todas as provas e foi Campeão Paulista na categoria novato, mas obviamente foi reprovado na escola. Como repetiu o ano, em 2001 trocou o kart por alguns esporádicos treinos de fórmula Chevrolet, conseguindo até fazer o melhor tempo, no Autódromo de Curitiba.
Em 2002, aos 18 anos, com o apoio material do amigo da família e ex-piloto de Stock Car, Xandy Negrão, dono da empresa Medley, iniciou sua carreira profissional na Fórmula Renault, pela equipe Gramacho. Disputou todas as provas, obteve 2 vitórias e terminou o campeonato na 4ª posição. Segundo ele próprio, só não foi campeão por falta de experiência.

No ano seguinte mudou de equipe, mas errou na escolha e os resultados não vieram. No meio da temporada foi convidado para participar do Campeonato Italiano de Inverno, da fórmula Renault. Não pensou duas vezes e aproveitando a oportunidade para ganhar experiência internacional, partiu para Adria, uma província perto de Nápoles. Fez duas poles positions, ganhou uma corrida e terminou o campeonato na 3ª posição.
Em 2004 mudou-se para os Estados Unidos, para Houston no Texas, porque foi convidado para disputar o campeonato norte americano de fórmula Renault. Participou apenas de oito corridas uma vez que o campeonato que deveria ter doze provas foi suspenso, em virtude da falência dos promotores e organizadores do evento. Das oito provas venceu quatro, fez também quatro poles e foi declarado vice-campeão do torneio.

Em função de não ter recebido o prêmio ao fim do campeonato, foi forçado a retornar para o Brasil em 2005, desanimado em relação a sua carreira nos fórmulas. Estava participando da fórmula Renault, quando foi convidado para disputar uma corrida de Stock Car Light, em substituição ao piloto Ariel Barranco, que tinha sofrido um acidente de automóvel na rua.

Embora nunca tivesse guiado um carro de turismo, aceitou o desafio. Teve uma performance tão boa, que a equipe preparou em cima da hora, um 2º carro para que ele disputasse as cinco provas restantes do campeonato. Venceu duas e certamente teria vencido mais se o carro não tivesse quebrado nas outras três. Na temporada de 2006, confirmou a sua adaptação aos carros de turismo, vencendo 4 corridas e levando o caneco de campeão, na equipe comandada por Jorge Freitas.

Nesse mesmo ano a título experimental, participou de uma prova no Rio de Janeiro na Stock V8, pela equipe do seu pai, Paulão Gomes, em substituição ao seu irmão Pedro, e se saiu extremamente bem, conseguindo se posicionar sempre entre os primeiros, indo para a super classificação na 3ª posição.

Em função da brilhante performance alcançada nesta prova, além do título de campeão da Stock Light, foi novamente apoiado pelo amigo Xandy Negrão, um dos maiores investidores da Stock Car, e convidado para integrar o quadro de pilotos da esquadra Medley, chefiada pelo experiente Andreas Mattheis, para a temporada de 2.007. Venceu a corrida de Interlagos, a última do ano, brilhou e muito no meio de pilotos de grande experiência e qualidade, terminando o campeonato na quarta posição.

Na temporada passada venceu mais duas corridas no circuito paulista, e terminou o campeonato na segunda posição, atrás apenas do experiente campeão Ricardinho Maurício.

Este ano transferiu-se para a equipe paranaense Action Power, que não vinha obtendo bons resultados há algum tempo, embora contasse com pilotos do calibre de um Luciano Burti. Com a entrada de Marquinhos Gomes, depois de quatro corridas nesta temporada, a equipe já conseguiu o lugar mais alto do pódio.

Esta história de piloto mister começou na década de 60, na Fórmula Um, com o grande Ghaham Hill, que venceu por cinco vezes o glamouroso GP de Mônaco.
Como o Marquinhos em apenas duas temporada e meia, já venceu quatro corridas em Interlagos, considerado o “templo” do automobilismo brasileiro, tem que ser obrigatoriamente reconhecido como o Mr. Interlagos! É isso aí. Até a próxima.

domingo, 5 de julho de 2009

(T) Entrevista: Paulo Valiengo, 30 temporadas de Stock Car



Aline Ridolfi Da Redação


A Stock Car comemora sua 30ª temporada este ano. E pensando nisso, damos continuidade à série de reportagens que abordam estas quase três décadas de paixão e velocidade, desta que se tornou a maior categoria do automobilismo brasileiro.

O ex-piloto Paulo Valiengo é hoje assessor de imprensa. Há trinta anos envolvido com esportes a motor, ele finaliza um livro de histórias da Stock Car. Valiengo fala com exclusividade ao Site Oficial e, como bom contador de memórias, abre a caixola para nós e relata um de seus momentos mais marcantes dentro da categoria.

“Quando a GM resolveu dar apoio oficial à categoria, inclusive com transmissões ao vivo pela Rede Band, mergulhamos de cabeça nessa nova empreitada e transformamos os nossos Opalas de acordo com o novo regulamento. Basicamente, o carro era o mesmo, apenas agora com rodas esportivas de liga leve, sem os revestimentos e os bancos internos, com um novo comando de válvulas 250 S, escapamento mais livre e algumas outras pequenas mudanças sem importância.

Nesse mesmo primeiro ano da categoria houve outro fato que precisa ser lembrado: o governo militar, alegando a crise do petróleo - que era verdadeira proibiu as corridas em todo o território nacional. Com muito custo, nós pilotos e os preparadores, conseguimos a permissão das corridas, mas com um novo combustível, o álcool etílico, etanol. Adaptamos os nossos carros e no dia 7 de setembro de 1979, todas as principais categorias do automobilismo brasileiro deram o grito de independência do petróleo, numa prova realizada no Rio de Janeiro.

Neste mesmo ano, mas no mês de outubro, no autódromo de Tarumã…
Na época eu não tinha nenhum patrocinador, mas como me saí bem em duas provas em Interlagos, onde cheguei duas vezes em 4º, fui dirigindo o meu carro de rua até o Rio Grande do Sul, local da próxima etapa, em Tarumã.

Por azar, o meu Stock não estava bom e eu fiquei com o último lugar no grid de largada. Na época eu era muito amigo do Affonso Giaffone Jr, irmão do Zeca, que acreditava muito em mim e resolveu emprestar um motor da sua equipe. O preparador dele, o grande ex-piloto Jayme Silva, me garantiu que o problema do meu carro não era o motor, mas sim o fato de eu não estar acostumado com aquela pista desconhecida e que não estava aproveitando bem o meu equipamento.

Fiz uma pequena aposta com ele, se ele me emprestasse o motor e eu não fizesse nada na corrida, pagaria um belo almoço para ele numa churrascaria bem cara na época, que existe até hoje, o Rodeio. Muito bem, o motor foi liberado, mas no domingo pela manhã ninguém tinha uma ferramenta chamada talha, que suporta o peso do motor enquanto ele é sacado do carro. Reuni alguns mecânicos de outras equipes e todos me ajudaram a tirar o motor com as nossas próprias mãos.

O esforço foi recompensado, porque numa prova muito tumultuada pela chuva, onde Ingo bateu com o Reinaldo Campello que bateu com o Bolão logo na primeira volta, consegui sair da última posição e chegar em quinto lugar, e ainda por cima fiz a melhor volta do circuito e novo recorde da pista. Não bastando, o Jayme me pagou o almoço no Rodeio.”, diverte-se