matéria publicada no Jornal Transposhop em 03/04/07
Olá, moçada!
Já disse muitas vezes que a minha experiência em corridas é oriunda da Stock Car. Mas, também tenho acompanhado outras modalidades de automobilismo durante praticamente toda a minha vida. Sempre gostei de automobilismo de competição e também admirei quem tem habilidade para conduzir bem um carro ou uma motocicleta, mesmo fora das pistas. Desde criança conseguia distinguir um bom motorista de um outro comum. Sempre fui ligado na “guiada”, na troca de marchas, nas freadas enfim em tudo que engloba uma condução diferenciada.
Olá, moçada!
Já disse muitas vezes que a minha experiência em corridas é oriunda da Stock Car. Mas, também tenho acompanhado outras modalidades de automobilismo durante praticamente toda a minha vida. Sempre gostei de automobilismo de competição e também admirei quem tem habilidade para conduzir bem um carro ou uma motocicleta, mesmo fora das pistas. Desde criança conseguia distinguir um bom motorista de um outro comum. Sempre fui ligado na “guiada”, na troca de marchas, nas freadas enfim em tudo que engloba uma condução diferenciada.
Embora o meu pai fosse advogado, sempre gostou do campo, e me lembro que todo fim de semana íamos todos para o nosso sítio. Depois, quando já tinha 10 anos, o meu pai comprou uma fazenda em São Fidelis, sua cidade natal, no estado do Rio de Janeiro. Lá na fazenda, aprendi aos 12 anos de idade, a guiar um caminhão Nash, de caixa de cambio “seca”, isto é, sem sincronizador o que dificulta sobremaneira a troca de marchas. Guiava o Nash para todo lado, inclusive muitas vezes carregado com 10 toneladas de cana, para levar para a usina de açúcar.
Quero dizer com isso, que sou de um tempo em que guiar bem, era algo muito importante e diferenciava as pessoas. Não existia Kart nem vídeo game nada era virtual, tudo tinha que ser de verdade. Os homens que guiavam bem eram mais respeitados por todos os outros homens. Hoje em dia, só no automobilismo de competição é que guiar bem faz a diferença. No dia a dia, desde que a pessoa guie mais ou menos já é o suficiente para não se envolver em acidentes e de vez em quando fazer uma pequena viajem. Uma boa guiada na rua ou na estrada, não chama mais a atenção de ninguém.
Voltando à Fórmula Truck, quero dizer que reparo muito na tocada, meus ouvidos são sensíveis para as trocas de marchas, para as freadas brutas, para a maneira com que os pilotos saem dos boxes. Enfim, reparo em tudo o tempo inteiro. A conclusão que cheguei é que guiar um Truck é mais difícil do que qualquer outro carro de corridas! Sabem por quê? Porque obviamente é muito mais pesado, pesa de 3 a 4 vezes um carro de turismo e quase 10 vezes um carro de fórmula. Outro fator complicador é que o Truck usa pneu comum de rua, somente “lixado” como um slick, para aumentar a aderência.
Realmente o fato de ter seus sulcos diminuídos faz com que tenha um grip maior, mas fica evidente que não é o bastante para suportar um peso imenso em altíssimas velocidades de contorno de curva. É claro que um pneu de caminhão é projetado para carregar muito peso, nunca para conseguir uma boa aderência na velocidade de um Truck. Um caminhão comum de estrada, é concebido para viajar a 80 Km/hora, um Truck chega fácil na casa dos 200 Km/hora! Dessa maneira, cabe ao piloto ter sensibilidade para acelerar na hora certa, isto é, se voltar o pé ao acelerador um metro apenas antes do tempo correto, corre o risco de não conseguir manter o Truck na linha de saída de curva e ir para fora da pista.
Outro fato importante, é que em face ao peso, o piloto nunca pode abusar da freada, porque senão perde o ponto certo de entrada na curva, perde a frente ou a traseira e não consegue o contorno ideal. Não se pode esquecer também, que na verdade todos os autódromos brasileiros foram concebidos para corridas de carros e, portanto as pistas são um pouco estreitas para os gigantescos Trucks. Falando assim parece muito fácil, mas a realidade é outra porque numa corrida existem 25 pilotos querendo andar o mais rápido possível, e os únicos pontos de uma ultrapassagem segura, são as freadas ou as saídas de curvas.
Dessa maneira cabe ao piloto conciliar esta delicadeza da guiada com a rapidez necessária para manter ou ganhar posições durante uma prova. Qualquer pequena vacilada é o suficiente para o piloto sair da pista e perder várias posições ou a própria corrida. Conseguir ter paciência e tranqüilidade para respeitar o peso e a velocidade do caminhão e ao mesmo tempo ser rápido e abusado para ganhar posições é o grande desafio dos pilotos da Fórmula Truck.
Em função dessas variáveis aliadas a dificuldade de acerto do caminhão para cada autódromo, fazendo as escolhas certas de suspensão, motor e relação de diferencial, no sentido de obter a melhor performance, eu acho extremamente difícil guiar bem um Fórmula Truck. Já disse outro dia que pilotar um Fórmula Truck é um paradoxo, um gigante extremamente pesado e veloz, que exige uma guiada absolutamente delicada e sensível! É isso aí. Até a próxima.
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