segunda-feira, 31 de agosto de 2009

(T) Khodair (pai) e o rolex



Allan e o pai Nabil Kodair



(matéria publicada no site oficial da stock car em 05/02/09)



Olá, moçada!



Faltam apenas duas semanas para os testes coletivos, que serão realizados no Autódromo Internacional José Carlos Pace, em Interlagos, nos dias 17 e 18 próximos, para as categorias Copa Nextel, Copa Vicar e Pick Up Racing, que compõem o evento Stock Car.


Em função das constantes reformas para as corridas de Fórmula 1, a pista de Interlagos está perfeita, não tem ondulações e as áreas de escape estão todas asfaltadas. Assim para as equipes que vão testar seus equipamentos pela primeira vez este ano, a pista é uma variável a menos, isto é, os engenheiros e chefes de equipe não precisarão se preocupar com a qualidade do asfalto, nem com ondulações, que sempre levam a algum tipo de desequilíbrio, nas curvas e nas freadas.


Em geral quando um carro anda bem em Interlagos, deve também ser competitivo na maioria dos outros circuitos do calendário da Stock Car. Isto acontece porque este circuito além de seletivo e técnico para os pilotos, ainda conta com subidas, descidas acentuadas, curvas de alta e de baixa e fortíssimas freadas. Sem dúvida é um traçado completo, nem poderia ser o contrário, na medida em que teve sua modificação idealizada e sugerida pelo inigualável Ayrton Senna.


Por outro lado, ontem quando cumpri minha rotina de conferir as notícias e reportagens do site oficial da Stock Car, vi a matéria confirmando a participação do piloto Allam Khodair, na equipe Full Time do jovem, porém experiente Maurício Ferreira, que acabou de conquistar duas vagas na categoria principal. Fiquei feliz com a notícia, porque o Khodair é um piloto batalhador, muito rápido e corajoso. Acredito que esta parceria, vai dar bons frutos.


Para mim não tem como ler o nome Khodair e não me lembrar do pai, meu amigo de longa data, Nabil Khodair. Conheci o Nabil há quase 30 anos, na oficina do grande preparador Jayme Silva, que reinou por muitas temporadas na Stock Car e até hoje participa na preparação de Pick Ups Racing.


A oficina do Jayme na época era muito badalada e freqüentada por diversos pilotos, e o Nabil começou lá sua carreira nas pistas, indicado pelo piloto Luiz Alberto Pereira, o Piteira, (apelido que eu mesmo coloquei), que também corria pela equipe do Jayme, junto com os irmãos Affonso e Zeca Giaffone. O Nabil estreou em 1981, na classe C Paulista no mesmo ano do nascimento do seu filho Allam, com um Opalão de 6 cilindros, muito bravo e de cara ganhou muitas corridas e levou o título da temporada.


No ano seguinte em 1982, repetiu a mesma ótima performance e venceu o campeonato, era praticamente imbatível em Interlagos, tanto que venceu com esse mesmo opala, a tradicional prova Quinhentos Quilômetros de Interlagos, em parceria com Luiz Alberto Pereira.


Em 1983, certamente por andar tão bem em Interlagos, o Nabil foi convidado pelo amigo Piteira, que a esta altura já tinha uma bem montada equipe em sociedade com o goiano Marcos Gracia, para pilotar um Stock Car, o terceiro da equipe, numa corrida aqui em São Paulo.


Eu também iria participar desta prova, fazendo minha estréia na equipe do Paulão Gomes, e estava muito animado. Na classificação não fui muito bem e larguei na 12ª colocação, uma à frente do Ingo, que não vinha fazendo uma boa temporada e estava sem vencer já há algum tempo.


Acredito que o Nabil largou na sétima posição. Mal a corrida começou e já houve uma grande confusão, e muitos carros ficaram de fora. Tomei uma passada forçada do Ingo, na entrada da antiga curva do Sol, mas aproveitei o embalo e fui atrás do danado Alemão, que tinha um carro ruim de reta.


Aos poucos fomos ultrapassando os adversários que ainda estavam na pista e chegamos no Nabil que já estava em terceiro ou quarto. Seu carro como o meu andava muito de reta, e estávamos andando no bolo com o Ingo. Fomos trocando posições, eu e o Nabil, e o Ingo aos poucos ia indo embora.


O Ingo tomou a ponta e nos ficamos amistosamente brigando e perdendo tempo. Numa volta, no fim do antigo retão, onde os carros tranquilamente passavam dos 200 por hora, o Nabil perdeu o ponto de freada e escapou de traseira. Era a minha chance. Tranquei o pé no meio da curva quatro e me concentrei em olhar para frente. O Nabil bateu na proteção de pneus, voltou e encheu o meu carro na lateral direita. Saí rodando e fui parar lá na curva da junção, com o carro semi destruído. O do Nabil ficou pregado na cerca junto ao de seu companheiro Marcos Gracia.



Não terminei a corrida e ainda tive que vender o meu Rolex para pagar o concerto do carro para o Paulão. Obviamente coloquei a culpa pela venda do Rolex, em cima do Nabil, que disse que não tinha nada com isso. Falou que eram coisas de corridas. Somos amigos até hoje, mas sempre que encontro com ele, cobro o bendito Rolex. É isso aí. Até a próxima.

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