Eu conheci o Rodolpho Mattheis numa corrida de Stock Car no Rio de Janeiro, mais ou menos no meio de 2005. Estávamos trabalhando no alto da torre de cronometragem, ele para a equipe de seu pai, preparador e piloto Andreas Mattheis e eu para a equipe do piloto Carlão Alves.
Durante o intervalo dos treinos, ou por causa de uma bandeira vermelha mais longa, não me lembro bem, nos sentamos na escada e começamos um bom bate papo. Obviamente falamos de corridas e de pilotos, quando disse a ele que eu gostava mesmo era de motocicleta. Que essa era minha paixão verdadeira e contei que tinha sofrido um acidente forte, com a minha Honda XX de 1.100 cilindradas.
A motocicleta foi a palavra mágica, por que o Rodolfo, que é um rapaz calmo e muito educado, ficou super animado para conversarmos sobre motociclismo. Me contou que fazia alguns enduros lá em Petrópolis, sede da família e da equipe, junto com o pai e que também adorava as motocicletas. De lá para cá, ficamos amigos.
No ano seguinte, tive o prazer de fazer uma matéria para o jornal Super Auto, contando a espetacular performance de Mattheis, no Rally dos Sertões, onde obteve a vice-liderança do torneio, na categoria Production Aberta. Rodolpho foi o piloto mais jovem entre os 20 primeiros colocados do Rally dos Sertões, mas o que realmente chamou a minha atenção foi que, durante a 5ª etapa, sofreu um sério acidente e fraturou 3 ossos do pé direito, justamente o que controla o freio traseiro.
Todos nós sabemos que a pilotagem de motos de rally, é praticamente feita o tempo todo em pé sobre a pedaleira, então imaginem vencer uma etapa de um rally tão competitivo como os Sertões, apoiado e freando sobre um pé todo quebrado! É coisa para se admirar.
Muito bem, o tempo passou e o Rodolpho Mattheis se profissionalizou e se tornou um dos melhores pilotos brasileiros de rally, fazendo parte da maior e mais profissional e tradicional equipe, ao lado das grandes feras nacionais.
O resultado foi que em 2009, estreou e simplesmente venceu o Rally Dakar, que pela primeira vez em sua história, foi realizado na América do Sul, entre a Argentina e o Chile. Terminou em primeiro lugar na categoria Marathon e 31° na geral.
O Rally Dakar dispensa comentários, qualquer um sabe que é a prova mais difícil e complicada do planeta. É um percurso de 9.000 quilômetros. Só de pensar já dá arrepios, imagine então participar daquela pauleira. Bobeou, morreu. Não tem perdão. Por outro lado, chegou ao final da prova, virou herói. Imagine então vencer!
Agora em 2010, o Mattheis repetiu sua participação no Dakar, só que dessa vez sofreu muito mais, com problemas físicos, mecânicos e de navegação. Por outro lado, não se sentiu tão sozinho como no ano passado, uma vez que sua noiva esteve sempre presente, participou de toda logística e organização, assim como ajudou muito a superar suas dores físicas e até mesmo alguma insegurança, natural nesse tipo de desafio.
Terminou o rally na vice-liderança de sua categoria Marathon, mas conseguiu chegar em 29º na geral. O que é necessário ser contado, é que o Rodolpho Mattheis completou os 9.000 quilômetros do rally com apenas um motor, enquanto que seus adversários mais próximos utilizaram até 3 motores.
Para mim é uma sensação muito agradável, ver um amigo e colega de trabalho se transformar numa estrela internacional do motociclismo, tendo a determinação e coragem para dominar um rally tão difícil e seletivo como o Dakar. O que me impressiona muito é o fato que na motocicleta o piloto tem também que ser o seu próprio navegador. Acho tudo muito dificil!
Eu como apaixonado pelo motociclismo e por competições automobilísticas, tenho que dar os parabéns para o Rodolpho Mattheis pelas suas conquistas no Dakar! É isso aí. Até a próxima.
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