Já faz um bom tempo que não escrevo
nada sobre automobilismo. Na verdade, não trabalho mais com assessoria de imprensa,
então não há mais motivo para que eu escreva profissionalmente. Mas, sempre
existe uma ocasião especial ou uma circunstância que faça com que a vontade de
escrever reapareça.
Desta vez, foi o reencontro com um
amigo da minha adolescência, dos anos que passei em Niterói. Sou paulistano,mas meu pai era nascido no Estado do Rio, em São Fidélis. Ele sempre quis ficar
perto da sua família, então resolveu mudar para Niterói. Eu saí ganhando, porque tinha
dez anos na época e fomos morar numa linda casa, muito perto da praia de São
Francisco, que é um lindo lugar.
Lá arrumei vários amigos, curti muito
a praia e também pude fazer o que realmente adorava, que era dirigir. Na época
a fiscalização não era tão intensa e o transito muito menor, e eu podia pilotar
à vontade.
Alfredo Mattos e Ingo Hoffmann, no começo de carreira! |
Vitória de Alfredo Mattos em Curitiba |
Eu e os meus amigos, Nelson
Policarpo, Roberto Tacão e Alfredo Mattos sempre estávamos guiando os carros de
nossos pais. (nem sempre com a autorização e o conhecimento deles). Esse último
não era muito próximo, ele era um pouco invocado, muito grande, mas gente boa.
Ele certamente não se lembra, mas cheguei a guiar sua Vemaguete e trocar umas
ideias sobre pilotagem. Eu literalmente só pensava em automóveis!
O tempo passou, a adolescência terminou,
nós voltamos para São Paulo e eu continuei louco por carros e por automobilismo.
Frequentava regularmente o Autódromo de Interlagos, era um verdadeiro “rato de
pista” e tinha vários amigos pilotos, Ingo Hoffmann, Ney Faustini, Plinio
Giosa, Jozil Garcia, Julio Caio, Di Loreto e etc, todos da equipe do Giba. Eu nesse
tempo não era piloto, era apenas aficionado fanático!
Os nossos pilotos do Giba, começaram a falar de um
piloto estreante, que estava incomodando bastante, era um tal de Carioca,
piloto da Autozoom, equipe fortíssima na época, liderada pelo grande Alfredo
Guaraná! O Guaraná era o inimigo número um dos meus amigos pilotos. Era o
concorrente direto e mais aguerrido!
O
Carioca já chegou andando na frente, com um Fusca laranja igual ao do Guaraná,
disse a que veio. Veio para vencer! Me lembro que venceu na geral uma prova em Curitiba,
na frente de carros duas vezes mais potentes, como os poderosos Opalas. Era um
estreante cabeludo, invocado e vencedor!
Eu não sabia quem era esse tal de
Carioca, nos boxes de Interlagos nem chegava perto da Autozoom para olhar a
cara dos pilotos. Nós amigos e pilotos do Giba, não olhávamos para o pessoal da
Autozoom, por um misto de respeito e antipatia! Até que um belo dia pude ver
que aquele estreante que acelerava muito, o Carioca, era o meu amigo Alfredo,
irmão do Maninho e do Flavio, de São Francisco! Agora 10 anos mais velho maior
e mais compenetrado e se tornando um piloto famoso e respeitado. Não me lembro
de ter falado com ele em Interlagos.
O super bravo fusca da Autozoom
O tempo passou, o Alfredo Menezes de
Mattos continuou acelerando muito e fez seu nome na Divisão 3. Todos os grande
pilotos da época ficaram surpresos com a rapidez com que ele se projetou e venceu
corridas, numa categoria tão difícil e competitiva. É só pensar no nome de Ingo
Hoffmann, ex formula Um e doze vezes campeão de Stock Car, para se entender o
nível da Divisão 3! Até hoje o Alfredo Mattos é lembrado pelos admiradores da categoria
e do forte automobilismo dos anos 70!
Divisão 3 do Carioca
Alguns anos depois, em 1979, eu
estava participando como piloto, numa prova da Stock Car no Autódromo do Rio de
Janeiro, quando fui visitado por um cara grandão, boa pinta, que eu não
reconheci, que na verdade era o Alfredo Mattos, meu amigo de adolescência que
tinha ido me cumprimentar! Fiquei muito feliz e nunca mais me esqueci desse
encontro.
Stock Car Rio Paulo Valiengo
Graças ao Facebook, 35 anos depois,
pude reencontrar meu amigo e ex-grande piloto Alfredo Menezes de Mattos, o
Carioca, e matar a saudade da nossa velha amizade, que já dura mais de 50 anos!
Eu, Julio Barbero e Ingo Hoffmann
Nos vimos pouquíssimas vezes, mas
sempre estivemos ligados pela mesma paixão, o automobilismo. Parece que os
nossos caminhos se cruzaram para sempre, porque alguns anos depois, eu corri
com o Ingo e com o Guaraná, seus grandes adversários e
companheiros de disputa nas pistas.
(Giba em pé na porta)
Alfredo Mattos
Nunca
me esqueci dos meus amigos de Niterói, e sinceramente foi um tempo muito bom. Fiz este texto para homenagear o meu amigo Alfredo Mattos, e, para selar
definitivamente nossa longa amizade. Qualquer hora dessas, vou visitá-lo e colocar nossa conversa sobre corridas em dia! Desejo a todos um Feliz 2015. É isso aí.
Até a próxima.